O dia de hoje (12/01) era para ser celebrado com todas as honras e protocolos dignos de uma data magna, pois hoje não é apenas o dia do aniversário de Lia de Itamaracá, mas também a data de celebração de uma tradição cultural que formou a identidade local e que projetou a Ilha de Itamaracá para o mundo, após anos de esquecimento. O que seria de Itamaracá sem a a força de sua cultura? O que seria da cultura da Ilha sem Lia de Itamaracá? De fato, tanto a Ilha quanto a cultura continuariam existindo, mas, com toda certeza, não seriam os mesmos.
Com uma vida dedicada à ciranda e a cultura do município, Lia de Itamaracá fez e faz história. Sua contribuição para a cultura, não só da Ilha de Itamaracá, levou a ser reconhecida pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em 2019, como doutora Honoris Causa. Essa foi a prova de que o reconhecimento vindo de fora tem sido imensuravelmente superior ao que Lia de Itamaracá deveria receber do seu município amado.
Como forma de reduzir a dívida histórica que o município tem com Lia, em 2012, por iniciativa de Edvaldo Júnior, então Secretário Executivo de Cultura, foi aprovada a Lei Municipal nº 1.213, de 20 de Março de 2012, que institui o Dia Municipal da Ciranda, em homenagem a data natalícia de Lia de Itamaracá. Também por iniciativa de Edvaldo Júnior foram aprovados, por meio da Lei Municipal nº 1.223, de 11 de Dezembro de 2012, a criação do Festival de Ciranda e Coco, a abertura do Espaço Cultural Estrela de Lia, o registro das expressões culturais da ciranda, do coco e do samba e a implantação da Casa da Ciranda, do Coco e das Bandeiras. Infelizmente, 8 anos após a aprovação da Lei nenhum gestor tirou essas metas do papel.
Fazer cultura no Brasil é difícil, mas na Ilha de Itamaracá essa dificuldade se eleva geometricamente. Mas quem mais do que Lia não sabe disso? Uma mulher preta, pobre e de baixa escolarização, que conseguiu romper todas as barreiras que lhe foram impostas e alcançou seu lugar de destaque na história. Sem dúvida é um exemplo. Um modelo de persistência e de resiliência. Que muitos anos sejam dados a esta mulher que é um dos mais valorosos ícones da cultura da Ilha de Itamaracá.
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